Eu me vi num abismo sem saída. Meu coração estava dilacerado, jorrando sangue para todos lados. As noites eram sinônimos de choro. Voltar para casa era um pesadelo que me apavorava. As amanhãs eram repletas de medo. Só em saber que o amanhã estava logo ali, eu entrava num pânico e só conseguia mergulhava cada vez mais na onda de tristeza que afundou sem piedade alguma o meu barco ancorado num porto (até então seguro).
Cheguei a pensar que não sairia dessa nunca. Olhava pra frente, mas achava o caminho longo demais, solitário demais, sombrio demais... mas eu sabia que não dava para simplesmente sentar e esperar minha situação piorar. Todos os dias eu jurava para mim mesma que eu daria a voltar por cima, eu odiava me ver naquela situação, meu amigos temiam que eu entrasse numa depressão, e eu também temia. .
Me olhava diversas vezes no espelho, e eu não reconhecia aquela imagem refletida, tão cheia de tristeza, por dentro e por fora. Coloquei na cabeça, com muito esforço, que tudo que havia me acontecido tinha sido pela permissão Divina, e que não dava mais pra ficar de luto. Resolvi matá-lo, fiz o velório e o enterrei lentamente todos os dias, junto com ele levei as palavras bonitinhas, os momentos "mágicos", as promessas, os sonhos, meu anel de compromisso; a amizade perdida e o tempo que passamos juntos. Comigo deixei apenas o que me distancia daquilo que um dia foi bom.
Sinto que melhorei bastante. Hoje consigo ficar só, sair e voltar para casa sem ter a cabeça invadida por lembranças. Vez ou outra a tristeza bate à minha porta, mas agora sou eu quem decide se ela entra ou não. A batalha ainda é complicada, mas com determinação e sede de vencer tudo se resolverá.